segunda-feira, 18 de abril de 2011

Nacionalismo e socialismo não combinam. O nazismo tentou combinar. Deu no que deu

Por Marcelo Delfino

Já vi muita bobagem escrita sobre o nazismo. A maior delas é a de que o nazismo era ao mesmo tempo nacionalista e socialista. Eu mesmo pensava que o regime nazista da Alemanha era socialista. Então vamos consertar juntos essa bagaça.


O nazismo não pode ser considerado um regime socialista, nem comunista. Não pode ser considerado comunista um Governo que permite a propriedade privada dos meios de produção. O nazismo era capitalista. Também não era socialista porque só quem mandava na Alemanha eram o Governo (Hitler, suas pessoas de confiança, mais os membros do Partido Nazista encastelados na máquina estatal) e os empresários fiéis ao regime. Os trabalhadores comuns estavam completamente afastados do poder.


O nazismo era um regime de extrema direita. Não tolerava dissidências, muito menos oposição.


O nazismo também não pode sequer ser considerado nacionalista, pois desprezava os conceitos da nacionalidade alemã. Só exaltava o conceito de raça ariana, teoricamente superior às demais e que deveria governar a Alemanha e, por tabela, os países sob influência desta. Mesmo os símbolos da antiga nacionalidade alemã foram suprimidos. A primeira providência de Hitler ao chegar ao seu gabinete de líder máximo do país foi mandar trocar todas as bandeiras da Alemanha pela bandeira do nazismo, aquela de três cores (vermelho, preto e branco) com a suástica no meio.


Há quem considere o nazismo alemão um regime nacionalista só porque procurava expandir territorialmente a Alemanha, por meio de anexações de outros países. Ora bolas. Isso não é nacionalismo. É expansionismo. O nacionalismo de verdade procura preservar o que é próprio da Nação e respeita as outras nações e países. É o mesmo motivo pelo qual quase nenhum governo da história americana pode ser considerado nacionalista (talvez só o do pioneiro George Washington, o da Independência), pois alguns foram expansionistas e quase todos foram governos imperialistas, assim como é o atual governo Obama.


O nazismo procurava juntar duas coisas inconciliáveis: o nacionalismo e o socialismo (nacionalismo+socialismo = nazismo). O socialismo é internacionalista por natureza. Vide a preocupação de qualquer governo socialista em querer ajudar “os povos de países mais pobres”, muitas vezes sem sequer ajudar plenamente a população do próprio país. O socialismo do nazismo era só discurso para ter o apoio dos “trabalhadores alemães pobres”, e somente os alemães. Desde que não fossem judeus, claro.


O nazismo não pode ser considerado um regime liberal. Pelo contrário: era um regime estatista. Só prosperavam os negócios privados autorizados pelo Estado. A famosa Volkswagen prosperou a partir do momento que teve apoio oficial do Governo, que queria que houvesse uma fábrica que fizesse carros mais baratos, "carros para o povo" (volks wagen é uma expressão em alemão, que significa "carros para o povo"). É evidente que os negócios ligados à indústria armamentista prosperaram a partir do momento em que o Governo começou a declarar guerra a um monte de países. Empresas que antes faziam outros artigos passaram a fabricar armas para o Governo. Oskar Schindler fabricava utensílios esmaltados, antes de começar a fabricar artigos para as Forças Armadas da Alemanha. Obviamente, empreendimentos de judeus eram proibidos.


Os governos de Charles de Gaulle eram de direita, mas não extremistas. Foram governos capitalistas, direitistas e estatistas ao mesmo tempo.


Já o atual governo da China é um exemplo de governo de extrema esquerda (porque reprime qualquer dissidência ou discordância), socialista (o partido único manda muito no Governo: se quer ter alguma influência no Governo, filie-se ao Partido), capitalista e estatista: só prosperam os negócios privados enquadrados no planejamento do Governo, inclusive os negócios dos empresários chineses filiados ao Partido Comunista. O próprio nome Partido Comunista é uma pálida lembrança de um partido que ainda é de esquerda, mas deixou o comunismo faz tempo.


Empresários que querem ficar cada vez mais ricos não tem que ser necessariamente direitistas, liberais ou neoliberais. Eles apóiam o regime que permitir que eles fiquem mais ricos. Os empresários chineses, por exemplo. Boa parte é esquerdista e estatista. Só que não comunistas, porque o comunismo lhes tomaria os meios de produção. E boa parte dos empresários da Venezuela são "socialistas bolivarianos", nas palavrar do próprio Hugo Chávez. Os regimes ajudam esses capitalistas chineses e venezuelanos...

Fonte: Blog do Marcelo Delfino– Clique aqui para conferir

2 comentários:

  1. A acusação de que a Alemanha nazista era uma forma de capitalismo não se sustenta com um mínimo de reflexão. O “argumento” usado para tal acusação é de que os meios de produção estavam em mãos privadas na Alemanha. Mas como Mises demonstrou, isso era verdade somente nas aparências. A propriedade era privada de jure, mas era totalmente estatal de facto, da mesma forma que na União Soviética. O governo não só nomeava dirigentes de empresas como decidia o que seria produzido, em qual quantidade, por qual método, e para quem seria vendido, assim como os preços exercidos. Para quem tem um mínimo de conhecimento sobre os pilares de uma sociedade capitalista-liberal, não é difícil entender que o nazismo é o oposto deste modelo. Para os nazistas, assim como para os socialistas, é o “bem-comum” que importa, transformando indivíduos de carne e osso em simples meios sacrificáveis para tal objetivo.

    ResponderExcluir
  2. Fonte:http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=98

    ResponderExcluir