sábado, 30 de julho de 2011

Eu empresto a bola, mas só se eu for o capitão do time cujos jogadores serão da minha escolha

Luiz Carlos Nogueira

nogueirablog@gmail.com

A democracia brasileira se parece muito com um jogo de futebol, no qual quem tem uma bola, só a empresta para realizar o jogo, se ele for o capitão do time composto pelos jogadores que ele escolher.

O armador do jogo sempre força um jogador sair da sua posição, para que o outro ocupe o seu espaço para receber a bola.

Assim é jogo dos dirigentes dos partidos políticos, tais como os meninos donos da bola. Só sai candidato quem for do interesse deles ou do grupo que eles representam. Eles também promovem os seus messias através do efeito da propaganda e dos veículos de comunicação alienantes.

Ora, a questão basilar da democracia reside exatamente na regra da maioria. É a maioria que deve decidir, ou seja, são as decisões coletivas que devem tornar-se vinculatórias para todo grupo ou partido político.

Deixar que a decisão para as escolhas dos candidatos para disputar eleições fique por conta de um messias ou um dono da bola, pode resultar num jogo perigoso, no qual as disputas ao invés de fortalecer os times, ao contrário, provocarão fortes antagonismos dentro deles próprios. Portanto, sem as prévias não se pode falar em escolhas democráticas. Não pode haver autocracias dentro dos partidos, que excluam da participação do processo eleitoral, candidatos com perfis adequados ao regime democrático mais próximo dos sonhos dos filósofos, e não como o nosso que ainda é um arremedo.

Também é preciso considerar o que os políticos ainda não entenderam ou não querem entender, é que numa efetiva democracia, os candidatos depois de eleitos devem se tornar os legítimos representantes da nação e não mais dos partidos e dos eleitores, para que não haja revanchismo dos interesses. Devo dizer que esse pensamento no Brasil, faz parte do pensamento utópico, porque os grupos de políticos-sociais sempre irão lutar pela sua supremacia, para fazer valer seus próprios interesses contra outros grupos. Aliás, os grupos políticos costumam fazer parecer que os seus interesses se identificam com os interesses nacionais.

Assim é que coloquei a seguir, um artigo do jornalista José Antonio Lima, que reflete bem o meu pensamento.

Eis o artigo:

Gilberto Carvalho diz que prévias no PT seriam “desastre”

08:53, 28/07/2011

Por José Antonio Lima

Redação Época

O Estadão desta quinta-feira traz mais uma reportagem sobre a forma como o PT vai escolher seus candidatos para as eleições de 2012. Depois de publicar que o ex-presidente Lula não quer prévias para escolher candidatos, o jornal mostra que o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, tem posição igual. A diferença entre os dois é que Carvalho emite essa opinião publicamente.

“Seria um desastre ter prévia no PT em São Paulo”, afirmou Carvalho ao Estado. “As prévias acabaram se transformando em trauma para nós porque, toda vez em que foram realizadas, houve enorme dificuldade para juntar o partido e reunificar a base. Com a disputa no nosso campo, as prévias oferecem munição para o adversário.”

Diante deste quadro, a direção do PT vai agir no Congresso do partido para modificar a forma como os candidatos são escolhidos, acabando com a possibilidade das prévias.

A avaliação de Carvalho está certa. Mas o PT, como qualquer outro partido, precisa reconhecer que as prévias tornam a política mais democrática. E que, da mesma forma, não usar o expediente torna os partidos menos democráticos, o que é um drama para a política brasileira. É uma verdade com a qual pouquíssimos líderes querem lidar e uma imagem que nenhum político quer passar ao eleitor.

Fonte: Site da Revista Época – O Filtro – Clique aqui para conferir

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