Luiz Carlos Nogueira
nogueirablog@gmail.com
As raízes da ideologia do “Politicamente Correto” (também denominado marxismo cultural), foram fincadas pelo filósofo e sociólogo Herbert Marcuse[1], nos Estado Unidos, para onde emigrou fugindo da perseguição nazista, porque era alemão, porém descendente de judeus.
Segundo Marcuse pregava que o futuro
da humanidade seria o de uma sociedade da “perversidade polimórfica”, assim
como defendeu que a masculinidade e a
feminilidade não eram diferenças sexuais essenciais, mas derivados de
diferentes funções e papéis sociais; mas que não existem diferenças sexuais,
senão como “diferenças construídas”, criando a frase “Make Love, Not War” (Faça amor, e não a
guerra)
Foi também Marcuse que denominou de “tolerância
repressiva”, ou seja, tudo o que originasse da “Direita” não deveria ser
tolerado, mas reprimido, se fosse o caso, pela violência. Ao contrário tudo o
que viesse da “Esquerda” deveria ser tolerado e amparado pelo Estado.
Por conseguinte, o filósofo critica o racionalismo da
sociedade moderna e indica os caminhos de como nos afastar dele (1), ou seja,
pela contestação dessa sociedade pelos marginais que ela desprezou e dela não
conseguiu se beneficiar, porque trilhando pelos mesmos caminhos de Karl Marx,
significa dizer que os problemas na nossa atual sociedade é o desenvolvimento
significativo da tecnologia, que tem efeitos revolucionários, porquanto há uma
invasão da mentalidade mercantilista e consumista, representada economicamente
pelos valores das trocas, diretamente ligada ao processo de alienação do homem.
Não irei me estender mais nessas considerações preliminares,
que serviram para indicar a origem do PC, e também, para dizer que os seus
adeptos utilizam o método do Desconstrucionismo, conforme citado mais adiante,
que em outras palavras, trata-se de uma maneira de retirar o significado de um
texto ou de um discurso político ou mesmo ideológico, dando-lhe um outro
sentido que se pretende. Assim, ao se desconstruir um texto ou até mesmo de um
fato histórico, elimina-se o seu real sentido ou significado, bem como a sua
verdade, substituindo-a pelo que se pretende.
Portanto, vamos examinar fatos
concretos em que o Politicamente Correto cumpre a sua missão. Reinaldo Azevedo
já disse que “O Politicamente Correto é o AI-5 da democracia”, e vamos ver por
que, em alguns exemplos, conforme os fatos me vêm à mente:
1. As cotas raciais para as
universidades públicas. Trata-se de um grande imbróglio político, sob o manto
do Politicamente Correto, porque as escolas e as universidades públicas devem
cumprir suas finalidades, quais sejam, de incluir e educar pessoas pobres, não
as ricas ou de situação fora da probreza. Pobres não têm cor nem raças — são
antes de tudo brasileiros. Ademais não se pode afirmar que as pessoas por serem de outras raças (ou de outra cor) são menos
capazes ou inteligentes. (Nota: o uso do vocábulo “pobre”, é condenado pela
Cartilha Politicamente Correto, sob a alegação de que é utilizado para
inferiorizar as pessoas – áh! Dá licença, não vou nem comentar isso porque é
ridículo).
O que não pode ser aceito é que
ninguém queira impor aos outros as suas orientações e práticas sexuais. Também
não é possível admitir que tenhamos que assistir os exibicionistas, sejam eles
homossexuais ou heterossexuais, ou quaisquer outras denominações hoje em voga,
que resolvam praticar atos libidinosos contra o decoro ou aos bons costumes, em
público e principalmente em frente de crianças, e pior ainda — ensiná-los nas
escolas.
O que se pretende com isso, é
calar as vozes discordantes, invocando apenas a hipocrisia do PC (politicamente
correto) que por si só não serve nem como um argumento troncho.
Prega-se com PC, a tolerância.
Tolerância nesse caso, me parece uma pregação obtusa, porque tem o significado
de aturar, suportar, aguentar, consentir, ou seja, melhor traduzindo num
português popular — engolir o que se nos empurram goela abaixo. E não é esse o
caminho quando se tratam de questões entre os seres humanos. Há que haver antes de tudo, o respeito
entre as pessoas — só isso.
E para encerrar,
cito uma entrevista em que o repórter da Revista Veja perguntou ao deputado
Clodovil Hernandes: “Por que o senhor não apresentou
nenhum projeto defendendo o direito dos homossexuais?”
Clodovil respondeu: “Deus
me livre. Quais direitos? Direito de promover passeata gay? Não tenho orgulho
de transar com homem. O primeiro homem que eu vi transando com outro foi meu pai
— era o meu tio, irmão da minha mãe. Eu tinha 13 anos. Foi num domingo, depois
da missa. Sentei no chão e pensei: meu Deus, minha mãe não é amada por ninguém.
Meu pai nunca soube que eu vi. Quando ele me perguntou dois anos depois se eu
era gay, não respondi. Nunca mais se falou sobre isso lá em casa. Mas eu podia
ter dito o diabo para ele”.
(http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/clodovil-lente-verdade
- matéria acessada dia 03/12/20130)
Certa vez Clodovil
foi vaiado durante uma manifestação do movimento gay, por conta da suas
posições com vistas aos homossexuais, uma delas pela defesa da família, pois
dizia que todos deveriam buscar a Deus para se orientarem na vida. Aliás,
naquela ocasião ele ressaltou o valor da
heterossexualidade, afirmando que sem ela nenhum dos que estavam ali presentes
teria nascido.
Portanto, uma coisa
não pode se transformar em outra, por simples alteração de conceito do que não
é natural.
3. Estimo que a vida, por si só,
é um bem que nos é caro e deve ser preservada, sem perder tempo em usar
argumentos filosóficos ou religiosos. Mas existem os hipócritas que gostam de
fazer tipo, fazendo-se passar por bonzinhos e humanitários, só para defender o que
lhes rende notoriedade e dinheiro, utilizando-se do chavão do PC, que invocam,
simplesmente, como se fosse um argumento válido apenas ou por si mesmo; por
exemplo, quando um policial no cumprimento do seu dever, ao perseguir um
bandido perigoso, se vê obrigado a atirar e matar para não perder a própria
vida, logo terá dificuldades enormes com os pusilânimes, que para se eximirem
de tomar conta do problema, jogam o policial às feras. Gente que defende
criminosos perigosos, sabidamente sem possibilidade de recuperação, como são
inúmeros os casos psicopáticos, só acham que a punição para eles deve ser
aplicada, caso eles próprios ou alguém da sua família, venham a sofrer as ações
desses elementos. É gente desse tipo que acha que a pimenta não arde nos olhos
dos outros.
4. Outro ponto a considerar é que nada é mais lastimável do
que se costuma afirmar: “O pior cego é aquele que não quer ver”. Sim, porque
aquele que não quer enxergar a escada da evolução em qualquer campo do saber e
da atividade humana, para galgá-la, vive como uma lagarta que não quer se
transformar numa borboleta e sair do casulo, para voar e saborear o néctar das
flores. Digo isso com relação à praga do PC, que pretende prender ou reduzir as
pessoas ao estado de ignorância linguistica, chegando-se ao absurdo ideológico
de o MEC adotar livro com o objetivo de ensinar aos alunos a falarem e
escreverem errado.
Abro
parêntesis para transcrever um trecho encontrado no blog “Perspectivas”,
acessado dia 05/12/2013, através deste link: http://espectivas.wordpress.com/o-que-e-o-politicamente-correcto/,
para que se entenda como se chega ao PC ou o Politicamente Correto:
“O Desconstrucionismo, em termos que toda a
gente entenda, é um método através do qual se retira o significado de um texto
para se colocar a seguir o sentido que se pretende para esse texto. Este método
é aplicado não só em textos, mas também na retórica política e ideológica em
geral. A desconstrução de um texto (ou de uma realidade histórica) permite
que se elimine o seu significado, substituindo-o por aquilo que se pretende.
Por exemplo, a análise desconstrucionista da Bíblia pode levar um marxista
cultural a inferir que se trata de um livro dedicado à superioridade de uma
raça e de um sexo sobre o outro sexo; ou a análise desconstrucionista das obras
de Shakespeare, por parte de um marxista cultural, pode concluir que se tratam
de obras misóginas que defendem a supressão da mulher; ou a análise politicamente correcta dos
Lusíadas de Luís Vaz de Camões, levaria à conclusão de que se trata de uma obra
colonialista, supremacista, machista e imperialista. Para o marxista cultural,
a análise histórica resume-se tão só à análise da relação de poder entre grupos
sociais.
O Desconstrucionismo é a chave do politicamente correcto (ou marxismo cultural), porque é através dele que surge o relativismo moral como teoria filosófica, que defende a supressão da hierarquia de valores, constituindo-se assim, a antítese da Ética civilizacional europeia.” (Os destaques em negrito são meus)
O Desconstrucionismo é a chave do politicamente correcto (ou marxismo cultural), porque é através dele que surge o relativismo moral como teoria filosófica, que defende a supressão da hierarquia de valores, constituindo-se assim, a antítese da Ética civilizacional europeia.” (Os destaques em negrito são meus)
Voltando ao que eu estava dizendo,
banalizar a língua portuguêsa é o começo da Babel, criando-se a Novilíngua
conforme a obra de George Orwell (The Big Brother). Nisso se está empregando a
ideologia do Politicamente Correto, que funciona por exemplo, quando se quer
empurrar alguma intenção “goela abaixo”, para que não haja discussão e
questionamentos. Isso acontece em algumas igrejas evangélicas caça-níqueis, que
tem proliferado ultimamente (excetuadas as tradicionais, respeitáveis e
sérias), nas quais os pastores pressionam alguém que seja de uma outra
religião, ou que não é ligado a nenhuma, mas que por alguma razão especial (ex.
assistindo a um batismo) esteja num culto nessa igreja, para que aceite Cristo
e ajude com um donativo em dinheiro, uma suposta obra social. Será difícil
recusar perante um grupo de ignorantes, fanáticos, quando não os que mais estão
lá, tentando barganhar favores com a divindade e querendo exibir falsa devoção.
Ao meu sentir, essa ideologia tem sido
utilizada de forma tendenciosa para certas questões, e com vistas ao uso de
algumas terminologias dicionarizadas na Cartilha do Politicamente Correto, que
não se resolvem por decreto de um órgão, porque nem ele e nem um Governo
sózinho são donos da nossa língua e do pensamento do nosso povo.
5. Os absurdos do Politicamente
Correto, expressos na Cartilha do Governo Brasileiro, ultrapassa as raias do
bom senso, por exemplo, não se pode dizer que “A coisa ficou preta”, porque conforme a referida cartilha – A frase é utilizada para expressar o
aumento das dificuldades de determinada situação, traindo forte conotação
racista contra os negros.”
A cartilha coloca também como
politicamente incorreto chamar uma pessoa com AIDS de AIDÉTICA, porque seria
um– Termo discriminador dos portadores do vírus da Aids, ou Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (HIV). O correto é chamar a pessoa nessa condição de
“HIV positiva” ou “soropositiva”, quando não apresenta os sintomas associados à
doença, e “pessoa com Aids” ou “doente de Aids”, quando ela já tem aqueles
sintomas.
Se caminarmos por aí, então não
podemos dizer que uma pessoa é DIABÉTICA.
Como também teremos que nos referir a
uma pessoa que não sabe ler e escrever? A Cartilha diz que: “Analfabeto– Condição de quem não sabe ler
nem escrever, alvo de grande preconceito e discriminação social no País, o que
é sintetizado, por exemplo, na frase “Vá estudar para ser alguém na
vida!”[...]”. Mas a cartilha não diz como se referir a essas pessoas. Então
tenha cuidado, da próxima vez que você tiver que se referir a alguém nessa
condição, vai ter que dizer: As pessoas que não sabem ler nem escrever? Pois,
sintetizar dizendo apenas: os analfabetos — nem pensar, porque você estará
praticando uma heresia contra o clero da novilíngua. (Heresia era considerada
crime no tempo da Inquisição, perante o Tribunal do Santo Ofício.
6. Pela Cartilha — “Comunista – Termo utilizado até
recentemente para discriminar ou justificar perseguições a qualquer militante de esquerda ou de causas
sociais.[...]”. Que coisa?! Esquerda
nos dicionários significa: a mão
esquerda; CANHOTA ; SINISTRA
[Por oposição a destra, ou seja, a mão direita.], para designar os que têm
convicções políticas contrárias a um regime de ideias capitalistas. Ora isso me
parece mais pejorativo do que dizer comunista, porque afinal de contas o
COMUNISMO é uma posição política, assim designado pelos próprios comunistas, ou
eu estou errado? Quem já não ouviu falar do Manifesto Comunista de Marx e
Engls? Pois é, então temos que mudar o titulo para MANIFESTO DA ESQUERDA ou
MANIFESTO DA SINISTRA?
7. Melhor idade– Fórmula ainda mais
eufemística do que “terceira idade”, diz a Cartilha, para referir-se às pessoas
idosas.
Melhor idade? Isso é “o fim da picada”, como se costuma dizer
no dito popular, porque os velhinhos aposentados e pensionistas do INSS — não
acham isso, tenho certeza, porque o que seria mais importante, que são os “benefícios previdenciários”, para que
realmente pudessem desfrutar das suas aposentadorias ou pensões, não têm os
reajustes anuais suficientes para manter os mesmos padrões de vida que tinham
na data em que se aposentaram. Então é Politicamente Correto passar a perna dos
aposentados?
Mas os defensores dessa Cartilha
hipócrita, por acaso já disseram que é Politicamente Incorreto: formar
mensalões? Usar cartões corporativos para fins pessoais? Usar aviões e outros
meios de transporte dos órgãos públicos para seus passeios? Usar o logro
político e outras tramois políticos? Áh!! Vão para os “quintos dos infernos” que é o Politicamente Correto que você
merecem!
Assim não dá, vamos parar com isso!!
Tem tantas coisas urgentes e de utilidade para se fazer “nestepaiz”, do que
ficar perdendo tempo com invencionices fúteis e hipócritas. Dêem educação de
qualidade e condições de trabalho digno para o povo, que tudo que houver de bom
e saudável virá por consequência. Politicamente Correto é não desviar dinheiro
do Erário, é não promover negociatas
políticas, é não tentar driblar a Justiça, é não formar, como já me referi,
“mensalões” ou coisas que estão abaixo da honra, da moral, dos bons costumes.
[1] Marcuse,
Herbert, in Ideologia da Sociedade Industrial – O homem unidimensional,
tradução de Giasone Rebuá, 4ª ed., Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1973.
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