sexta-feira, 2 de março de 2018

MEU DESABAFO COMO USUÁRIO DE DROGA









Luiz Carlos Nogueira








Logo quando completei minha maioridade civil, pessoas sem escrúpulos e sem a menor compaixão, obrigaram-me a ser usuário de uma droga extremamente devastadora, porque seus efeitos refletem em nosso estado emocional, causando depressão e angústias profundas, eu tinha acessos de raiva, indignação, enfim, eu surtava mesmo.


Muitas noites eu passei sem dormir, ou quando dormia tinha terríveis pesadelos. Eu temia pelo meu futuro, dos meus pais e dos meus filhos e netos, caso eu viesse tê-los. Estarei completando 72 anos de idade no mês de abril deste ano, e mesmo assim, continuo teimando em usar essa maldita droga. Cada vez que uso eu digo que será a última vez, no entanto, algo mais forte em mim, fala mais alto; é como se fosse um demônio maldito murmurando aos meus ouvidos: “Só mais esta vez! Afinal você não sonha com a felicidade sua e do seu povo? Quando as coisas caminham de forma alegre, leve, tudo não parecerá bom como acontece nos sonhos de mil venturas? Pois, então, com essa droga você poderá, quem sabe, ter uma vida com a qual sonhou. Você não quer que tudo fique ótimo? Então use essa droga mais uma vêz!!


Sentei-me num dos bancos da Praça Ary Coelho de Oliveira (em Campo Grande, MS), colocando-me num estado de profunda meditação. Eu via-me num país próspero, de pessoas felizes, leis funcionando, zeladores muito probos dessas leis, não havia: assassinos, ladrões, turma da propina se corrompendo e corrompendo outras pessoas. Mas, não vou aqui ficar contando os meus devaneios, porque, eis que de repente o vendedor de pipocas perguntou-me se eu não gostaria de comprar um saquinho delas. Ao tirar o dinheiro da minha carteira, não percebi que meus documentos caíram no chão. Paguei a minha pipoca e resolvi sair saboreando, aquele tipo que parece ser uma flor assada, que recordava a minha infância.


Mais isso não terminou aí. Logo atrás de mim vinha uma freira, quase correndo a dizer-me: “Ei cidadão! O senhor deixou cair a sua droga e eu apanhei-a. Tome! LÁ VEIO NOVAMENTE PARA AS MINHAS MÃOS A DROGA DO TITULO DE ELEITOR!!




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